Já ouviu a expressão “frango”, usada para descrever a falha clamorosa de um goleiro ao deixar passar um gol inexplicável? Pois bem, a origem dessa metáfora, tão comum entre os torcedores, permanece envolta em mistério. Quem a inventou? Quando exatamente começou a ser usada?
Essas são questões levantadas por Heitor Santana e Victor Semmler, alunos do Ensino Médio, do Centro de Estudos Júlio Verne, em artigo publicado na “Convenit Internacional – Coetpa USP 2025”. Trata-se de uma revista anual, de grande prestígio no meio acadêmico, feita em parceria com a Universidade de São Paulo – USP e a Universidade Autônoma de Barcelona – UAB que, além de fomentar a iniciação científica, estimula o desenvolvimento intelectual entre jovens pesquisadores. Combinando ensaios e textos clássicos de especialistas renomados a artigos de estudantes, a publicação se tornou uma importante plataforma para a troca de ideias e conhecimento.
No texto, a dupla reflete sobre a paternidade (quase sempre anônima) das expressões populares que usamos no dia a dia: “Foram cunhadas por brilhantes anônimos e nem podemos agradecer a eles, gênios de primeira grandeza, que as conceberam e generosamente as entregaram gratuitamente ao uso comum”. Eles também mencionam que essas falas, apesar de simples, carregam histórias e significados complexos, muitas vezes esquecidos ou ignorados, como no caso do “frango”, que, aliás, resultou em outro termo, o “frangueiro”, referindo-se ao sujeito que deixou a bola passar, muitas vezes por entre as pernas.
Outros alunos do Colégio também tiveram seus trabalhos publicados nessa importante mídia acadêmica. Entre eles está Vitória Ribeiro Sousa, que pesquisou a trajetória do célebre escritor Jules Verne, conhecido no Brasil como Júlio Verne. Em seu artigo, intitulado “1873, o ano em que Júlio Verne Conquista o Brasil – 150 anos de seus livros no Brasil”, a aluna explora as primeiras aparições do autor na imprensa nacional e destaca o impacto cultural de suas obras no país. Ela detalha o fenômeno editorial que popularizou livros como “Viagem ao Centro da Terra” e “A Volta ao Mundo em 80 Dias” entre os leitores brasileiros, além de observar como a ficção científica do estudioso abriu portas para um novo gênero literário no Brasil, influenciando gerações de escritores e leitores.
O educador João Carlos da Silva Borges também foi pauta nesta edição. A aluna Bárbara Luisa dos Reis Melo investigou a trajetória desse importante, porém pouco lembrado, patrono de uma escola paulistana. Motivada pela curiosidade despertada ao notar que a instituição e uma rua levam seu nome, revelou em seu artigo como muitas pessoas acabam esquecidas, mesmo tendo desempenhado papéis fundamentais na formação de milhares de jovens. A pesquisa envolveu uma análise criteriosa de documentos na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional e contribui para resgatar a memória desse importante personagem, destacando sua relevância educacional.
Finalizando a lista de contribuições do Colégio Júlio Verne à revista, Matheus Papiani apresenta o artigo “Feira de Cal em Burgos – Raul Pederneiras e a época de ouro do trocadilho no Rio de Janeiro”. O estudo explora o universo dos trocadilhos e sua importância cultural no início do século XX, destacando figuras icônicas como Raul Pederneiras, famoso por suas criações linguísticas inteligentes e irônicas. O texto celebra o jogo de palavras como forma sofisticada de humor, que, ainda hoje, desperta o riso em diversas plataformas.
Vale destacar que o Centro de Estudos Júlio Verne publica artigos na Coetpa desde a primeira edição da revista, em 2019. Para a edição recente, os alunos foram orientados pelo professor doutor Alexandre Medeiros, com coorientação dos professores Everaldo Rodrigues Morais e Giuliana Cinezi. Os trabalhos foram submetidos ao Conselho Editorial, composto por profissionais de diversas instituições em colaboração entre a Universidade de São Paulo e a Universidade de Barcelona. Embora seja uma seleção rigorosa, o Colégio tem um histórico notável de aprovações, o que ressalta a qualidade do ensino oferecido.
“Essas publicações reforçam a certeza de que nossos alunos estão prontos para ir além dos limites da sala de aula e contribuir ativamente para o meio acadêmico. Estamos muito orgulhosos de ver essa nova geração de pensadores trilhando o caminho da pesquisa científica”, destaca Medeiros.
A Convenit Internacional – Coetpa USP 2025 será lançada dia 26 de novembro, no Colégio Luterano São Paulo. As edições estarão disponíveis no site da Editora Mandruvá, ligada ao Centro de Estudos Medievais Oriente & Ocidente (Cemoroc) da Faculdade de Educação da USP.